O assobio do sabiá

 
O sabiá que trouxe canta
Mais belo tom que o do Jobim
Longa nota, talvez sem fim
Sobre uma manta em que se cobre
É mais amor que existe em mim
 
O sabiá é pássaro formoso
Charmoso, desses de se exibir
Canta com todo o pranto
As purezas do ir e vir
De outros passarinhos singelos
Sobrevoando aqui e ali
Cantando, sabe-se lá como
Amores que ainda não vivi
 
E o bicho é onipresente
Às vezes onisciente
Tudo sabe tudo vê
E até provarem o contrário
Tudo ama tudo sente
 
É uma semente a florescer
A natureza do amanhecer...
São sabiás que tagarelam
A beleza de viver.

Renato Gaspar
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