Como um dia destinei
Tudo aquilo que a mim não cabia,
Tampouco a quem receberia.
Que nada daquilo era meu não imaginei.
 
Os passos de valsa,
Um ballet contemporâneo
Em um olhar insinuante.
A fragrância de uma rosa,
De um lírio... De certo,
A mim pertencia apenas o martírio.
 
Já que a valsa nunca foi tocada,
O ballet foi paralisado quando
O olhar foi cegado.
A rosa foi desfolhada, e o lírio,
Intacto, jamais haveria de novamente
Ser tocado.
 
Entre tudo que não me pertencia,
Arrependo-me de sacrificar meus versos,
Que sempre foram puros, sem hostilidade,
Exultando a dádiva da amizade.
 
E tolo poeta que sou,
Dispus de suas verdades,
E não acreditei que podia estar enganado,
E por fim, pobres dos versos,
Perderam a quem ser declarados.
 
Tudo é dado, utilizado,
Muitas vezes até usurpado,
Como quaisquer objetos ou artefatos,
Mas não se engane, nada é nosso,
Podem se mostrar a nossa vontade dominados...
 
E ainda sim... de fato,
Em seus empirismos,
Jamais serão subjugados.

Luan Mordegane Pupo
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