NUM ÔNIBUS LOTADO

 
Pela janela, tudo passa,
Tudo passa dentro de um ônibus lotado:
As casas, as árvores, as pessoas pelas ruas...
Tudo passa dentro de um ônibus lotado.
Só não passa esse amor,
Amor de um homem apaixonado!

E os buracos nas estradas
Ajudam a fazer tumulto no meu ouvido,
E desafiam o meu coração que dispara,
Mas isso eu duvido!

E lá na frente, numa solidão,
O motorista nem sonha que transporta
Um poeta que escreve sem ter noção
De quantas pessoas saíram por aquela porta.

Cada um no seu destino
Puxa a cordinha e sabe o que o espera,
E eu, com anseio de menino,
Pretendo tocá-la e dizer que a saudade já era.

Diversas pessoas, diversos destinos...
Diversos sentimentos em um ônibus lotado!
Encerro os versos que aqui foram escritos,
Me levanto, puxo a cordinha e choro calado.

Fiz estes versos enquanto subia a rua de ônibus em rumo ao trabalho do meu anjo para fazê-la companhia na volta.

No ônibus...

Rogerio dos Santos Rufino
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