O peso da bunda

   Certa manhã como faço todos os dias levantei-me cedo para ir ao trabalho. Como de costume numa rotina constante prostei-me junto à fila para esperar a condução. Não demorou muito e o ônibus chegou, aquela fila que a principio era organizada em alvoroço se tornou. Primeiro entraram os mal educados e depois os pobres coitados que ainda estavam cansados do trabalho do dia anterior, eles ainda tinham um pouco de dignidade e consideração pelos outros e não se incomodavam de viajar em pé no coletivo. Na minha frente embarcou uma velha senhora que devia ter mais ou menos uns setenta anos, com muita dificuldade e com a ajuda de um cidadão de rara educação conseguiu embarcar na condução. Lá de traz, em pé, próximo ao cobrador segurando ao corrimão pude observar que os mal educados procuravam vorazmente os bancos vazios para se assentarem. A velha senhora com os braços tremendo pela força que fez para adentrar ao veiculo não conseguiu um banco para que pudesse descansar, mas, qual nada todos os bancos estavam ocupados por aquele malditos mal educados que não se importavam com aquela pobre anciã que por varias vezes quase caiu com as frenadas bruscas daquele motorista “filho da p...”, que parecia carregar dentro do ônibus animais e não seres humanos, pensando bem, eram poucos aqueles que poderíamos chamar de humanos naquele momento. Alguns deles fingiam estar dormindo como se estivessem deitados nos sofás de suas salas, outros falavam de futebol com se fossem verdadeiros cronistas esportivos, pior eram aqueles que “metiam” o “pau” na vida alheia, não dando a mínima importância áquela velha senhora que trazia no rosto as rugas como testemunha da vida sofrida e de muito trabalho duro. Demonstrando muita força interior e uma coragem invejável ela prosseguia na sua cansativa viagem, então num relance casual pude ler através dos seus olhos um pensamento que dizia – Gente sem coração... Eu compreendo suas carências, pois pesa mais as suas bundas do que as suas próprias consciências

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