Eu sou aquela que muitos gostariam de ser, a que tem poder sobre a natureza, sobre o destino, sobre o amor, estou abaixo do céu, diante a terra e movo o mundo todo com meus sentimentos. Sou aquela que tira o chão da estabilidade. Faço os pensamentos apagar-se. Descubro os segredos de diluiu as dúvidas. Abraço as águas, faço errar aqueles sem destino. Sou muitas coisas, sou eu e sou você, sou o elo de nossos pensamentos, sou a igualdade da nossa diferença, sou o beijo que você não sentiu a noite, mas desejou no âmago. Sou o fim da sua espera e sou a linha do seu raciocínio. Sou aquela ânsia discreta que você suspira devagar, sou a mistura, sou o horizonte distante demais. Sou a fotografia turva, sou o que lhe falta e, no entanto o que resta.
O medo tão somente é o que oculta o que sou. Vivo nas sombras entrelaçadas por apertado nó, por corrente pesadas, por profundidades. Escondo-me nessa casa, que tem ao chão a força que me impede andar, e calo pelas palavras que amarram minhas cordas vocálicas, armadilhas que pegou a minha coragem de amar, vago então sem rumo, olho os lados procurando seus olhos, olho atrás para ver se perdi, olho a frente na esperança de alcançar e parece que depois de beber o mar, depois de rasgar os céus, depois de abrir crateras a terra, você não está em nenhum lugar.
E então vêm as interligações. As tristezas e desventuras, os caminhos que dão no mesmo. A tentativa de descobrir o que virá, a ausência da expectativa que torna-se erva daninha. A alma apodrece, os olhos decaem. E tudo o que já se andou é escuro e só serviremos para aqueles que estão atrasados, mas igualmente perdidos. No fim não leve tudo ao cumo, porque o monte é vão, o poço também, tudo o todo e todos são.
Viva as lembranças que não foram; viva o silencio das estrelas, beba a ilusão e sacia tua vontade de eternidade. Nunca vais entender o que procura afinal, a solidão será tatuagem da tua alma. Os erros serão retóricos, repetidas e incansáveis retóricas. O sinal não aparecerá, ela, eu não aparecerei. Não há nada mais. Exceto a dúvida.

escrevi isto porque estava triste e me deu para escrever

Cristiana
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