Minha janela...

 
Abro a janela, a do meu quarto...
 
Ninguém a espera
 
Não diviso, do dia que finda, a quimera,
 
Nem da lua o parto.
 
 
Encontro-me aqui, atônito...
 
Aparvalhado com a rudeza da hora
 
Dos pardais o gargalhar irônico
 
Do reluzir do céu a demora...
 
 
Porque então abro-te, crepúsculo, a janela?
 
Já, os sonhos, te arranquei na aurora...
 
Em teu anúncio... frígida cela...
 
Porque atrais meu olhar agora?
 
 
Não me dizes... nem o sei...
 
Se a esperar não há ninguém, pois...
 
Quiçá seja a espera dos amores que não amei...
 
O reencontro do que ficou pra depois...
 
 
Muitos os charques que ao sol deixei!...
 
Tantos foram os grãos que colhi...
 
Revisando, porém, o que plantei,
 
A mirar-me em seu vão,
Alentada janela...
...não é em vão estar aqui!
 
 
Manito O Nato

Manito O Nato
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