Quando descrevo
E não entendes
As visões que tenho
Deixas-me a contemplar, sozinho
Os estranhos pensamentos
As miragens que me assombram
E me apavoram
Diuturnamente
Fantasmas furtivos, estes
Só entrevistos, sentidos
Por frações de segundo
Trazendo em seu bojo um oceano
De significados, coisas
Que num momento são claras
No instante seguinte obscuras
Como peixes que saltam
Para fora da imensidão do mar
Brilhando ao sol por um momento
Iridescentes
E que depois somem, tornam
Às profundezas de onde vieram
Irresgatáveis para sempre
Deixando para trás porém um gosto
Um sentido do impenetrável
De que toquei algo mais fundo
Que não se expõe, mas está lá
Esperando na escuridão
Inescrutável
Uriel da Mata
© Todos os direitos reservados
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