A roseira, no presente ano, cobriu-se de muitas flores,
Flores que exalam um aroma delicado, detectável
Quando se aproxima o rosto das pétalas;
Alguns botões mal começaram a se abrir.
É preciso investigar este exemplo, interrogar a terra:
-Terra, qual foi o adubo com o qual alimentaste a roseira
Neste ano para que gerasse tantas flores,
Tão perfeitas em cor, tão plenas de aroma e amor?
Qual o alimento que me darás, terra,
Para que atinja a perfeição em flor e fruto?
Ou esconderás, ainda, no teu escuro odre o segredo
Da composição de meu destino?
Conhecê-lo-ei somente naquele dia no qual, totalmente em ti,
Já não tiveres mistérios para mim?
Serei, então, o alimento para outras rosas
E a tua resposta não me servirá jamais!
Pois que estas minhas mãos, então inermes e descarnadas,
Não a poderão brandir contra o muro
Que à minha frente agora se levanta.
Não! Não é assim que eu quero a tua resposta.
Basta de interrogar-te, terra, e contemplar abismos!
Porém, a resposta já foi concedida,
Pois a terra brotou cobrindo-se de ervas e de flores,
Perfumou os quintais e alimentou os pássaros.
Todas as árvores, segundo as suas próprias sementes,
Já estão crescendo; tudo aquilo que conforme as imutáveis leis
Foi plantado agora viceja, para sempre.
Ainda estou revolvendo meu solo.
Logo chegará a primavera.
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