Os ventos rumorosos vêm e vão,
Na tarde matizada de canela.
Agitam a florada na cancela.
E agitam o jardim em solidão. 

E trazem, no começo da estação,
As pétalas que adentram-me a janela.
O aroma de uma flor suave, bela.
Resquícios da paisagem de verão. 

Às vezes, por razão desconhecida,
Acendem velhas cinzas desta vida...
A dor de uma saudade... A nostalgia. 

E deixam, no crepúsculo, em seguida,
Um gesto singular de despedida.
E dão asas à minha poesia.

PAULO MAURÍCIO G. SILVA
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