Vínum e Escarlate (dos olhos que brilham no escuro)

 Pronunciando vômitos
Com pelos ouriçados,
Urros incisivos são jorrados
De algum lugar agourento
Inóspito para humanos
Vindos de terras esquecidas
Inverno, folhas, cicatrizes
 
A chuva nunca vem
Perdeu-se na escuridão
Nas brumas da própria ira e solidão.
 
A chuva rasgou minha'lma 
Derramou-se em navalhas
Numa época remota
Onde nenhuma outra criatura,
Havia estado antes.
 
Prostrada em estado catatônico
Diante de súbita chuva torrencial,
Completamente enraizada
Pelos tremores do peito e d’alma
Sombras aos montes se uniram
Anunciando a chegada
Daqueles olhos grandes e vermelhos
Encarando o que restou de meu velho e apagado espírito
 
A chuva mais uma vez atravessou-me o peito,
Desta vez com 1 milhão de alfinetes
E ao som dos mais demoníacos urros
Vindos daquela criatura nômade
Fui para sempre tomada.
 
( 28 de agosto de 2015)

Ágani L.
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