Por que eu não nasci para ser nada, 

Eu tenho sonhos, não pequenos, mas enormes, 

Não tenho o direito de não ser ninguém, 

Mas quem eu sou?

Vivo numa rua inacessível, 

Desconhecida, 

Uma rua sem saída.

Hoje estou lucido, 

Quiçá como Platão antes de tecer seus pensamentos, 

Estou hoje perplexo, 

Pois eu tinha planos, mas hoje estou dividido,

Pois tenho a sensação de que tudo é utopia,

Talvez tenha falhado, 

Talvez tudo seja nada, 

Eu nasci, nasci com grandes objetivos, 

Procurei pessoas, e quando encontrava, eram todos iguais, 

E eu, eu nem sei quem sou, 

Será que sei quem eu sou?

Sou o que eu penso?

Mas eu penso em tantas coisas...

E talvez os loucos tenham tantas certezas quanto eu..

Quantas aspirações eu tive, mas quantas realizáveis?

Talvez o mundo seja para quem conquista, e não pra quem pensa...

Mas ainda assim, reflito em segredo, talvez tanto quanto Gandhi

Mas quantos filosofam?

Então que me derramem a realidade, pois somos escravos do destino...

E antes de me levantar, a rotina ainda me abraça e quem eu sou?

Talvez a física quântica ainda tenha menos mistério

do que a própria verdade que cada um carrega no peito...

Mas ainda sinto vontade de ser alguém...

E nesse momento eu consagro a mim mesmo um desprezo

Mas sem tristeza...

Tiro de mim as angustias, como tiro minha camisa depois de um dia de trabalho...

Ouço uma música, de outrem, que teve um sonho, diferente do meu, cantou...

Vejo os cães, vejo os insetos, e tudo isso me condena...

Pois não sou melhor,

Trabalhei, estudei...

Mas e no fim a realidade de mim e de um mendigo que implora moedas

Será a mesma...

A roupa que eu usei foi errada, a rua que trilhei me levou ao caminho errado?

Talvez eu tenha vestido uma máscara,

e agora que tento tirar já não posso, pois ela virou meu rosto...

Quem dera eu deixar a consciência, e simplesmente existir...

mas hoje já não posso, pois tenho a lucidez, 

de quem um dia morrerá,

assim como você, assim como as formigas, e todos, e tudo...

e até o planeta irá morrer, e depois outros planetas,

e galáxias e todos os seres que terão a capacidade de fazer versos morrerão...

Mas procuro opções, alguma saída.. mas todas me levam a aceitar,

 

e enquanto o destino me conceder, continuarei  a procurar...