Estranhamente, apenas fechando os olhos, é que eu consigo te enxergar.
Te vejo linda, com os cabelos balançando ao sabor do vento.
Fecho novamente os olhos e te vejo recém saída do banho. A pele clara, realçando a luz pálida do luar que entra pela basculante do banheiro. A toalha, ainda nas mãos, enxugando os longos cachos dourados, de onde uma última gota se libertou, escorrendo pela tua pele de marfim. Qual lábios invisíveis, percorre a tua coluna vertebral, rompendo tuas barreiras e desvendando teus mistérios, provocando um doce arrepio.
Te surpreendo a demorar-se ao espelho avaliando displicentemente a composição caprichosa da natureza, num raro momento de inspiração.
Nem percebes que o que os teus olhos admiram com tão pouca reverência, é tudo o que há no mundo que os meus olhos anseiam solenemente contemplar.
Sinto o aroma fresco de rosas que brota dos teus poros, sob a penugem eriçada, qual relva rala que orla uma nascente onde o viajante sedento necessita ardentemente aplacar a sede.
Já, a fonte da água é a mesma fonte da vida;
Já a ventura do olhar, são os caminhos do amor;
Já, tudo o que vejo, é tudo o que sempre quis.
E ainda que exista apenas nos meus pensamentos;
é você.
Ficção...
(imagem do google)
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