Amiga,


Que bom que você me lê e fuça os meus rabiscos. Só tenho medo dessa sua busca
nas entrelinhas, onde certamente eu não estou e, lógico, você não vai me
encontrar pois nada que escrevo é biográfico. Invento modas e histórias a
depender do texto, mesmo quando tento contar um fato acontecido. Não se guie
pelas minhas letras e pelas minhas palavras: são todas falsas e só têm o
intuito de entreter, não de limitar ou delimitar vontades e personagens.
Como descrevo no meu perfil, quando escrevo crio personas, coloco máscaras e
enceno o ato que quero representar. É um presente que quero dar ao leitor. É
um banquete que gosto de cozinhar em banho-maria. É um jogo que faço com o
leitor/espectador. É tudo teatro e laboratório. É uma cumplicidade sórdida
das verdades e mentiras de tudo que vejo e sinto. É uma tentativa de vôo ao
infinito. É um salto no escuro, de olhos fechados e sem rede de segurança. É
uma viagem sem sair do lugar, mas uma viagem de deixar solto o imaginário de
cada um, e essa viagem não tem retorno. Na certa que eu tiro o meu prazer
dessa viagem gratuita ao escrever e o prazer é maior ainda quando alguém me
lê. O climax é atingido quando alguém me lê, me comenta e interage com as
minhas loucuras, aí vejo que mexi com alguma cabeça que se encontrava
adormecida ou faminta de um alimento ou veneno. Que se lambuje! Se isso é
gozo, chamemos então de.


Tenha um bom final de semana.


Abraços,

F.

 

 

Fernando Tanajura
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