Há tempos que não chove
nem chuvisco, tampouco chuvarada,
nas árvores à beira da estrada.
O chão movediço e denso.
Espessa camada de pó suspenso
sobre os telhados decrépitos
daquelas casas à míngua, paupérrimas.
Há tempos que não se vê
nem a cor,
nem, sequer, sente-se o cheiro d’água.
Passam-se os meses e as nuvens esparsas
e brancas passam distraidamente, vagas,
por sobre aquela geografia olvidada no mapa,
de gentes, fisicamente, magérrimas.
Nesses tempos dá uma saudade intensa
do mundo espelhado por lagoas imensas
com um lado a menos no aterro
de seus vertedouros avolumando-se em córregos.
Já dura tantas fases de lua,
quantos dias santos a estiagem
que o perau e as margens
dos imensos açudes, agora são desertos.
Não chove há tanto tempo
que as crianças
ainda nem sabem o que é a chuva.
Curitiba
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