Eu vejo-me em mim
Como vejo uma pedra
Em decomposição
Mas se sou pedra
Vejo-me eterna e não terno
Porque o espelho não é o avesso
De uma pruma
Então ao avesso de uma pedra
Não me chamo Rio, os rios seguem o trilho definitivo.
Mas eu, ah! Não tenho nada definido
Nem a morte.
O paraíso
O casamento
Não me defino
Mas penso sempre no infinito
Porém quando afirmo ser pedra
Logo me vejo estático
Definido na matéria
Na dúvida, uma certeza.
Eu existo
E só o tempo causa-me decomposição.

Boca da Mata
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