E foi neste palco que muitas vezes subi...
Foi neste palco que muitas vezes recitei versos abertos
E coberto de amor ou de dor.
Foi aqui que imaginei um mundo...
Um mundo meu, sozinha e sem nada...

Somente pensamentos e palavras...
Frases e versos mal acabados...
Sentimentos que me faziam morrer e viver...
“Quebre a perna”. Dizia alguém atrás da cortina vermelha...
Eram apenas os fantasmas de uma época tão distante da minha...
De uma vida tão mais excitante do que a minha...
E neste palco de cortina vermelha...
De assentos mal conservados...
De platéia muda...
De sorrisos cortados, de vozes abafadas...
E de olhos vendados...
A única coisa que existia eram os ouvidos...
Parados, atentos ao próximo ato...
Matei a vida, assim como Romeu e Julieta...
Joguei as tranças da imaginação assim como Rapunzel...
Dancei num lago como os cines...
Encontrei um amigo soldado, assim como o quebra nozes...
E nesse meu palco da vida...
Vou ensaiando e contracenando comigo mesma...
Os mais belos contos...
De uma infância que nunca acaba, até que a cortina vermelha do meu palco se feche.

Hildelene Dantas
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