Resposta à Cassiana

Você me perguntou o motivo de não ter lido, dentre tantos poemas escritos por mim, apenas um que falasse de felicidade. Um poema que falasse de alegria somente, sem aquela ponta de melancolia. Disse até que não se lembrava de ter lido um poema, meu ou de outra pessoa, que falasse de felicidade. E que não tinha problema com a sua memória. Refleti e vi que tinha razão, porém não antes de imaginar que não havia sutileza em suas ponderações . Você falou que, até os poucos momentos de felicidade que descrevo, carregam um certo peso de tristeza. Pensei que fosse o fator dualidade, mas acho que estava justificando-me. Então resolvi pensar em momentos felizes e assim lembrei de certas coisas, tais como: O beijo de mamãe à cama. Aquele que vem quentinho no rosto da gente, no momento em que olhamos nos olhos dela e nos deparamos com um brilho tranqüilo, com uma paz sonhada. Acho que nesse momento elas fazem uma prece pelas nossas vidas. Talvez elas peçam para que Deus nos contemple através de seus olhos, já que possuem por nós uma profunda admiração, incompreensível aos nossos sentimentos. Ele deve debruçar-se naqueles lindos olhos que iluminam e transformam a face cansada, em beleza divina. Deus deve ficar nos observando, atento às preces da mamãe. Já reparou como a mamãe é linda e que depois do beijo tudo fica melhor?
Tentarei lembrar-me de mais momentos felizes, talvez não encontre tantos quanto gostaria. Também não me recordo de ter problema de memória. Mas se tiver não saberei. Mamãe não está mais presente pra contar, nem papai. Talvez fale de papai. Descobri que existem momentos de felicidade!