'Amor Traçado de Dor'(mini conto)

Desciamos pelo campo abaixo. A água corria morna e límpida. Reflectia azul e doirado, tornando a brisa fresca e agradável. O verde que percorria fugindo do horizonte: panorâmico, esplendido.
Ao centro, entre o relevo bicudo que salientavam com ternura sua blusa, via seu belo rosto sorrindo. Gorgiá. Deitada de ventre paro o chão Gorgía, desertos esverdiam e qualquer oásis torna-se mar. Gorgiá. A bela que não queda na linha do horizonte, suas lembranças quedam seu sorriso mas não se perde, eleva-se. (não enredes o passado que usei para torturar-te: perdoe). Oh Gorgiá!!! Mas fora nesse momento que chorava sobre Gorgiá.
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Cegava-lhe os olhos e, repentinamente, esvairi-me entre o espaço. Ela de contente ergueu toda sua rígida beleza e procurou-me entre as rochas e árvores. Tornara escrava seus olhos e sentidos, indagando minha presença. Caçando me entre interstícios de luz e negrume.
Em seus passos, Gorgiá tropeçou e rolou jacente pela relva abaixou e parou. Silênciou sua procura.
Olhava para o vão e parecia cogitar algo triste. Aproximei-me e indaguei, sereno, o que lhe ocupava a mente. Gorgiá mirava em mim e não respondia. Gorgiá não chora e continua fitando. E furtei-lhe um beijo. Gorgiá não correspondeu, não sorriu, não chorou. Indaguei-lhe depois triste, que motivos a murchavam o sorriso? Que tivera eu feito?
Gorgiá olha pálida p'ra mim e vê, não chora e não sorri. Gorgiá não me ouve enquanto grito. Gorgía menti dormir com seu ventre p'ra o céu e nada mais. 'Gorgía, então, me perdoe'.
Como um galho murcho despendi-me da flôr-felicidade que segurava em minhas mãos...
Como uma gota no escuro dispendendo-se em águas turvas... Gorgiá a quem escutas?
Forjou-se, com lágrimas, meu rosto e o mórbido frio que Gorgiá exalava quando por ironia a, já avermelhada, pedra mostra-se onde sua cabeça travara. Gorgiá exala tinto entre o verde e flores. Gorgiá exala dor. Gorgía não sente dor, Gorgiá, cega, olha pálida p'ra mim e não vê, não chora e não sorri. Gorgiá não me ouve enquanto grito. Gorgía menti dormir com seu ventre p'ra o céu e não mais acorda. Gorgiá não mais...
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Colecao 'Meu mundo em perspectiva leviana'