Quero eu conversar com uma criança
Que dezembros nunca a deixe triste
Se ela tiver mais de sessenta e licença pra falar de amor
E de sua pluralidade
Quero eu conversar com uma criança
Muito mais cheia de vida que sentimentos abstratos
E mostre-me tudo o que não vivi e assim, criança ainda sou
Um olhar cego que por nada é capaz de se desesperar
Enquanto os meses a vida levar.
Criança capaz de me convencer dos mistérios
Falando que é bom sentir a chuva e não o seu frio
Que sairá buscando amigos e sonhos sem perder a ambos
E com o amor forme edifícios sombreados de dores
Que chegam logo pela manhã.
Chego aos sessenta e me lembro de agora querer viver
Deixei seqüestrarem minha felicidade e caminhamos já pra novembro
Entristecido nem a dor no peito chamando a morte me apavora
Não ouvi você
nem um sorriso ou luz invadindo meu lar...
Os sorrisos de crianças lá fora me trazem respiração quando vou agoniando
Os sonhos se foram. Não posso mais brincar.
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