E se as comportas forem abertas sobre a grama
E se o meu grito não for ouvido no corredor
Olhe atentamente pelo buraco da fechadura
Para ver que do outro lado, que a vida pode valer a pena
E se o tempo parasse agora, ou daqui a cinco minutos
A quem eu gostaria de estar abraçado
A quem eu diria uma ultima frase
Quem seria o verdadeiro culpado
Haverá ainda tempo para correr
Ou dormimos por mais de dez anos e algo ficou para traz, e que não volta
E se a água levar a tudo e a todos
Restarão apenas lembranças ou elas também serão levadas ao ralo do tempo
E o tempo ainda não parou, talvez mais dois minutos
Uma sobrevida, um ultimo pedido, talvez um ato desesperado de uma modificação
Terminou, apitou a sirene da usina, a água vem por toda a relva
As flores, as folhas, os morros estão submergindo
Não haverá cume de montanha pra nos proteger
A água se junta, vinda de todas as partes
O jarro derramou, o copo caiu
O mar está bravio
As ondas ficam mais fortes
E passam sobre a grama
 
Roberto F Storti
Publicado no Recanto das Letras em 17/09/2008
Código do texto: T1182121

Roberto Fernandes Storti
© Todos os direitos reservados