Esboço dum amor imaginário

Belo, está o luar 
Mas, está tão longe...
Ah! Se pudesse voar!

Porque se encontras tão distante
Num abismo duvídoso
Meu corpo palpitante
Clama desejoso
Pelo reencontro misterioso
Que nunca há de acontecer
Nada como a químera, para medicar
e satisfazer 
Esse coração aflito e ferido

Como eu gostaria 
Que tu participastes mais da minha vida
E menos dos meus sonhos
Eu faria
Mil loucuras para ter-te
E sobre este luar
Encontrar-te-ías
Dedicando-me melodias
E cantorias

Olho para o céu
Percebo aonde cheguei
Para sair do fel
Que eras minha vida 
Criei você
Preferi viver uma irrealidade
Do que viver uma triste verdade
Hoje não sei 
Se valeu à pena

Num dia, que a muito se fora
Obrigaram-me
A seguir este destino
Ainda menino
Não tive escolha
Preso num local
Numa folha
Desenhei-te
Tu nascestes 
Da imaginação dum lunático
Tu me deste abrigo
Sem perguntar quem eu era
Sou fanático
Assim me criaram
E assim mudaram o meu futuro
Não me perguntaram
Nem ao menos, me avisaram
Fico 
Vagando 
Por um caminho
Onde não se pode voltar
Sigo
com a rasura
Do que poderia ter sido
Se nada tivesse acontecedo
Você sempre esta comigo
Porém, estas longe
Encontrastes, nas profundezas da imaginação
Fértil e débil
De um homem sem medidas
Apenas quero que saiba querida
Que tu foi minha única amiga

Camila de Araujo Lopes
© Todos os direitos reservados