Castelo de solidão

Ela vivia enclausurada em seu castelo sentimental,
com sua base encravada em uma nuvem de ilusão
Mas sendo seu orgulho tão majestoso e fenomenal,
não permitia que o amor lhe chegasse ao coração.

Dentro daquele castelo, todos os espelhos e vidraças
refletiam o que havia em seu interior: vaidade pura.
Enganada, fechava os olhos para as suas desgraças,
pois do lado de fora, sabia que a realidade era dura.

Esquecida de tudo além dos muros, seguia sua vida,
dançava a bela, em frente ao espelho da sua piedade,
E como uma bailarina, que foi pelo público esquecida,
perdeu o brilho, perdeu a alma, perdeu toda vaidade.

Porém, jamais vira ali refletido, o seu real inferno,
pois cada parede do seu castelo era falsidade...
a sua única companhia, era o seu demônio interno.
Que falava aos seus ouvidos, palavras de maldade.

Mas mesmo assim, ela continuava ali dançando
condenada à sua eterna valsa infernal de solidão
e os seus pés descalços, exaustos e já sangrando,
lhe deixavam um tapete vermelho estendido ao chão.

Era muito triste aquela figura da solitária bailarina,
em seu castelo de sentimentos se sentia abandonada.
E em seus sonhos, apenas a escuridão predomina,
jamais imaginou terminar assim a sua longa jornada.

Cláudia Maia
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