O QUE SOMOS, SILÊNCIO INTERIOR, MARIO QUINTANA, RESUMO, ESCADA,

O QUE SOMOS?

O verde da natureza que sofre com as devastações,
Um povo sofrido, mas ainda esperançoso?

O amarelo da riqueza mal dividida, corrompida,
Comercializada ilegalmente...?

Um novo amanhecer,
O azul celestial, essencial, desbotado?

O branco da Paz, sem limpidez, manchado pelo sangue
Que escorre dos logradouros da iniqüidade, da impunidade...?

Os avermelhados lábios coibidos que osculamos outrora?
Afinal de contas, o que somos ou que pensamos ser...?

O nosso próprio retrato, envelhecido, embaçado...,
Que só poderá ser restaurado com o Tempo...?

                                                                11.7.2006
SILÊNCIO INTERIOR


O silêncio desta casa me consome,
Não consigo dormir...

Emudece-me,
Desvia todos os meus raciocínios...

O coração palpita aceleradamente,
Dói profundamente...
A alma fica cheia de amarguras...

Os sentimentos distanciam-se,
A solidão aproxima-se,
A paixão evapora-se,
O amor diminui-se...

A incapacidade pela situação,
Entristece-me, tira,
Rouba minha privacidade, felicidade...

Mas tento prosseguir, vivo,
Pois a Razão de Viver motiva-me mais e mais,
Tenho a certeza que um dia reaparecerá, reviverá...
Minha poesia é sem preço, solta,
Vaga como um vaga-lume,
Valseia em noite de luar intenso,
Diz sim, diz não...

Não digo nada, pois não tenho nada pra dizer,
Só desfaço-me em lágrimas constantes,
Não sou eu, não sou você...,
Não somos quase nada...

Sou apenas um simples mortal,
Tentando deixar suas pegadas de Vivência,
Nesta Terra tão meteórica...!

                                                                 30.7.2006
                                             
                                              MARIO QUINTANA
                                            (30.7.1906 - 5.5.1994)

                       
Poeta do Sul,
Poetinha de Alegrete,
Da Rua dos Cataventos...

Das coisas simples,
Do amor, da beleza,
Da vida, da solidão...

Passou, passaste: “Eles passarão...,
Eu passarinho!”*, bateu asas, voou pro infinito,
Será que eu passaria também...!?

Quintana de costumes peculiares,
De versos singelos, tocantes,
Suaves, líricos como ele...

De Quintanares,
De Baú de Espantos...,

Foi-se, mas ressurge,
Revive, viverá hoje e sempre
Pelas suas obras, pelo seu lirismo...
             
*verso de Mario Quintana.
                                                                  31.7.2006

                                                        RESUMO

O Vento soa, entoa,
Emite sons decisivos...

A neblina fina e leve
Cai veementemente...

A chuva desce, molha,
Encharca, escoa...
A noite chega atormentada,
Atormentando, sova...

Mas depois despenca
Como uma folha seca,
Jogada ao relento...

O que podemos dizer e definir sobre
Esses fenômenos da natureza...?

                       3.8.2006

ESCADA

Não suba rápido
Os degraus,
Suba um por vez,
Sem despertar
Muitas atenções...

Pense, analise antes de descê-los,
Pois o tombo pode ser maior
Do que seu corpo suporta...

Os mistérios e os enigmas
Do Mundo estão presos
Nas nossas próprias Vidas
Para serem desvendados
E revelados por nós mesmos!

10.10.2006

Jean Carlos Gomes
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