Acordo, novamente sem o desejo ardente de viver.
Não abro os olhos,na esperança de que tudo seja apenas um sonho
não é.
Tento juntar forças de onde não tenho para me levantar;
Sento na cama, mas falho miseravelmente ao tentar ficar de pé; 

Ah, porque de novo?

Começo a despir-me ainda sentada, agora com os olhos abertos
tiro a calça frouxa e a blusa
ficando apenas em roupas de baixo encaminho-me ao banheiro.

Ligo a ducha e aguardo a água começar a esquentar
Livro-me do restante das roupas e entro no chuveiro
a água já escaldante queimando minhas costas
infiltrando meus cabelos
que agora já estão pesando o dobro.
Termino
me seco
suspiro.

novamente o começo do ciclo monótono que chamamos de semana.
Começo a vestir-me lentamente, como se tempo não me fosse um problema
Passo por cada etapa com uma leveza estranha
meu sutiã me machuca
está apertado
Sigo pelas meias
depois pela calça
a camisa e por último o casaco.
Olho-me no espelho, 

como alguém pode ser tão miserável?

Calço os mesmos tênis de sempre
já estão encardidos de tanto usá-los.
Sigo olhando-me pelo reflexo mas logo desisto
não há nada de novo mesmo.
Penso se devo comer
mas meu estômago embrulha só pelo pensamento
Desisto da ideia
Cato minha mochila e desço as escadas
agora com mais pressa
6:35
meu pai já no trabalho
meu irmão me espera
minha mãe me chama.
Vamos?
Vamos.

Despeço-me de meu cachorro
fico feliz ao vê-lo, mas a emoção não dura muito.
Nossa vizinha entra na parte de trás do carro ao meu lado
pequena, o cinto de segurança bate em seu pescoço
sua mochila estupidamente colorida
refletindo a suposta felicidade eminente da infância.
Novamente encaminho-me ao inferno estudantil.
Meu Deus, 

Como eu odeio segundas-feiras.