Quando meti meus pés descalços em terreno perigoso,
Arrogante, pensei que estava calçado.
Ao furar-me e ferir-me, o ânimo ficou gelatinoso
E quis fugir às consequências do que fiz no passado.

Entretanto, ninguém fica indiferente a quaisquer ações
E alto é o preço a pagar por deslealdade e mentira.
Reconheço. Mas nem que eu tivesse mil corações,
Imaginava o quão fulminante seria suportar tal ira...

Cometido o erro, sinto-me destruído, pusilânime...
Fugiria deste rancor e indiferença aos prantos!
E se honestamente pedisse a opinião unânime
Dos que conheço sobre a dor que narro nestes cantos,

Eu não teria o perdão ou simpatia a qual almejo.
Porque machuquei quem me era cara e este é o preço.
Não sei quanto tempo para o perdão que desejo,
E nem se o terei, mas a vida é horrível sem teu apreço...

Viver sem saber se haverá recuperação dos sentimentos,
Sofrendo e talvez ter que trilhar outro rumo
Para não mais sentir estes tormentos,
É o que penso, mas é um aniquilamento em que me consumo...

O desprezo tamanho de quem está tão perto,
Mas que parece não mais amar e oferecer tal possibilidade,
É uma dor devorante; e o futuro incerto
Torna muito mais difícil lidar com a realidade.

E esse sofrimento lento, medonho remorso,
Persiste, pois eu não estava preparado em minha covardia.
Sou fraco, inconsequente e isto eu endorso
Por admitir que errei, mas que não suporto a agonia!