O Outono do Amor

O Outono do Amor

Tenho saudade do que eu era,

Tenho saudade do que era você,

E o mais estranho

que não sabíamos que éramos tanto!

Pois que só ao ver o passado

É que podemos saber o que fomos.

E ter saudade não é excluir o hoje,

Mas querer que ontem ainda existisse,

Que tivéssemos o nosso ‘para sempre’.

Como que crianças que creem em contos infantes,

E seus finais felizes, sem perguntar o que vem depois.

Como é esquisita esta melancolia de alma

Que nos visita e nos faz viver em tantos tempos distintos.

Como se estivéssemos a dançar embevecidos

Por salões em múltiplos espaços de tempo,

Num eterno enamorar-se,

Que se faz jovem a cada instante.

Em promessas e realizações se cumprem,

Em que o primeiro toque se renova,

Tal como o beijo tem o sabor do primeiro encontro.

E eis que só em mim, quero estar contigo,

E espero que só contigo, queira estar comigo.

Pois que já desprezo o momento em que vale a pena apenas a razão,

O sentir será sempre rebelde ao tempo,

Ele quer ser livre, num ‘para sempre’ sem fim.

Ele guarda a primeira troca de olhar.

Ele escuta dois corações que batem em desatino,

Para depois ganharem a paz em um paraíso encantado.

Um lugar onde só nós dois temos a chave.

Onde somente nós temos acesso aos nossos segredos.

E dentre estes, uma vontade de sermos um todo comum.

Um encontro que pacífica

Ao mesmo instante que encanta,

Pois que as estrelas clamam por teu nome,

A lua lhe dá vestes de luminosa alma,

E eu apenas observo encantado tua feminilidade,

Me inspiro, me silencio, e no meu calar,

Me vejo maior que sou, sem espaço e sem tempo.

Apenas existindo em constar-me presente em Ti.

 

Gilberto Brandão Marcon

09/04/2023