Caos e Destino

Talvez com o tempo se ache inoportuno viver,

Mas eis que a vida não deve ser decidida pela razão,

Seria insuficiente e provocaria ansiosa fuga.

Por tolo que pareça ser,

Todo destino deve ser cumprido de alguma forma.

Quem disse isto? Não sei.

Apenas meu sujeito sente, e isto é pouco mais que nada.

E eis que o iludido pelo raciocínio veja aqui metafísica.

Não se trata de metafísica, mas de um além razão.

Não se trata de crer ou descrer, mas de intuição.

Ora, e o que é a intuição? Como se pode saber?

Sei que suponho que ela tenha antecedido a razão,

Talvez tenha plasmado em nossa imaginação o por ser.

E o que seria o por ser? Novamente não tenho resposta.

Eis que me percebo lúcido somente por estar entre dúvidas,

E em meio a estas suponho haver um caminho,

Suponho haver um propósito,

E então retomando meu lado cético afirmo,

Que em algum ponto o destino

Deve ter se encontrado com a razão.

E eis que se achando ser o perfeito casal de titãs,

Tombaram ante o caos das emoções,

Umedeceram suas bocas secas nos sentimentos.

Pois que só o sentir alivia a aridez que há no existir,

Mas eis que aí se faz o vício em se ser alegre ou triste.

Mas que em sendo isto ou aquilo se perde a paz.

Ah, e o que é paz?

Este querer que não é saciado

Quanto despido de tudo e franco consigo.

Já a vestiram com o conceito de harmonia,

Mas o que é a harmonia, senão um conceito?

Antes um anseio do que uma realidade.

Então a realidade, eis que que se calam as respostas,

Ante o possível de controlar e o incontrolável,

Talvez nos reste apenas sermos grandes fingidores.

Que então sejamos benditos fingidores,

Pois que dos malditos o mundo está farto.

Não se constrói sonhos pelo caminho dos pesadelos,

Isto parece ser fato, já existem muitas respostas,

Mas não temos olhos de ver,

Ouvidos de escutar.

Somos egos lacrados,

Migalhas em eternos conflitos.

E o caos e o conflito parecem se irmanarem.

Num jogo de roleta russa,

Em que a próximo alvo a ser atingido

Pode ser cada um de nós,

Sejam quais forem as ilusões que alimentamos,

Quão bem trabalhados sofismas de hipocrisia.

E eis que a própria face haverá de não se suportar,

Pois que cada coração será o próprio juiz de si,

E o tal destino baterá o martelo proferindo a sentença final.

E ainda assim não se terá terminado.

 

Gilberto Brandão Marcon

03/09/2022