A Bondade das Ilusões

Nunca encontrarei à escuridão da palavra que amará a grandeza trágica da coragem isolada sobre os promontórios atingidos pelas águas agonizantes da bondade das ilusões. Meu amor, quão pura é a ilusão que se precipita sobre a sua vida! Até mesmo essa própria frase que acaba de nascer, tremulante e exausta, está em seu estado de suprema ingenuidade, dando-me, pouco a pouco;  o profundo medo de olhar os rochedos de sua venerável mente, os quais não suportariam a benevolência repugnante ao escrever sistematicamente, quando, de fato, eu deveria esquecê-lo e retornar para as profundezas do oceano. Mas como esquecer quem colonizou os sentimentos tão desconhecidos quanto o amor que haveria de existir sem a formação da minha própria proteção?

Naquela época, perguntaram-me, com mais curiosidade risível em relação à minha solidão física e emocional do que a ponderada aproximação de algo que me feria todos os dias: “ Eloisa, sempre sensível e com o olhar perdido... Não nos dirá quem é o seu amor?”. Olhava os livros para disfarçar a angústia, negando-lhes qualquer movimento em que condenariam o sentimento mais forte do que a minha vida. “ Quem amaria a selvagem simplicidade do meu corpo? Antes do amor pelo espírito, os homens aproximam-se da beleza do corpo.”, havia dito com a aparência lívida, e, ao tentar andar corretamente, desequilibrei-me pelo fato de sentir que a frase pertencia a um dos seus mistérios, então, seguraram-me e riram diante do meu comportamento fugidio.

Em cada uma de suas novas postagens, uma mulher morre. Eis o seu único destino: revelar aos homens e às mulheres, toda a extensão das informações sobre o amor; desde a leitura da bíblia até ao domínio técnico da nossa saúde mental.

Eloisa Alves
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