Eternamente
Quando a escuridão vier roubar a pouca luz dos meus olhos,
Quando for obrigado a entregar as minhas chaves,
Quando já seja difícil suportar o peso das costas,
Quando a esperança já tenha me acenado, ao longe
Talvez, nesse momento, eu possa ver algo mais nítido
Do que esta névoa, estranha, que me embaça os olhos.
Cheguei ao mundo sem pedir e, na hora de partir
Agora, porém, não me perguntam se concordo...
A existência parece paradoxal e difícil de explicar,
Existe um mistério insondável, que vem e vai conosco;
Mistérios não se explicam nem se investigam
Eles precisam continuar mistérios; explica-los, mata.
Afinal, talvez sejam eles quem dá sentido à existência?
Assim, envolto na tênue capa translúcida desses mistérios
Liberado de tudo e de todos, rumarei ao grande Esquecimento.
Um lugar tranquilo e distante, onde os sonhos sempre vivem,
Onde a memória não existe, porque é proibido lembrar.
Apagadas as lembranças, tudo é novo, nunca visto; original...
Maneira sábia de repetir a primeira vez, eternamente...
Porto Alegre, março de 2019
José Carlos de Oliveira
Porto Alegre -RS
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