Entendo que te estranha e desola,

do nosso abrigo não ser prisioneiro.

Pensa que sou eu o corvo carniceiro,

mas não posso agora ser sua gaiola.

 

Não quer ambos, ninho e céu, com sua asa

mas se canta só fora, é de sua vontade,

não pareando comigo em cumplicidade

no amor que à carne do corvo extravasa.

 

No detalhe, quando segue me acompanhando,

sem iniciativa, eu questiono nosso quinhão.

Mais vale um pássaro piando em minha mão,

do que ver livres dois pássaros voando?

 

É, posso crer, um reflexo de sua pena

que deu lugar à confortável e quente pluma

o calor do peito, deve ser não ter coisa alguma

em seu horizonte, para experimentar vida plena!


Guilherme dos Anjos Nascimento

Guilherme dos Anjos Nascimento
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