Vinícius de morais
A vida do poeta tem um ritmo diferente 
É um contínuo de dor angustiante. 
O poeta é o destinado do sofrimento 
Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza 
E a sua alma é uma parcela do infinito distante 
O infinito que ninguém sonda e ninguém compreende. 

Ele é o etemo errante dos caminhos 
Que vai, pisando a terra e olhando o céu 
Preso pelos extremos intangíveis 
Clareando como um raio de sol a paisagem da vida. 
O poeta tem o coração claro das aves 
E a sensibilidade das crianças. 
O poeta chora. 
Chora de manso, com lágrimas doces, com lágrimas tristes 
Olhando o espaço imenso da sua alma. 
O poeta sorri. 
Sorri à vida e à beleza e à amizade 
Sorri com a sua mocidade a todas as mulheres que passam. 
O poeta é bom. 
Ele ama as mulheres castas e as mulheres impuras 
Sua alma as compreende na luz e na lama 
Ele é cheio de amor para as coisas da vida 
E é cheio de respeito para as coisas da morte. 
O poeta não teme a morte. 
Seu espírito penetra a sua visão silenciosa 
E a sua alma de artista possui-a cheia de um novo mistério. 
A sua poesia é a razão da sua existência 
Ela o faz puro e grande e nobre 
E o consola da dor e o consola da angústia. 

A vida do poeta tem um ritmo diferente 
Ela o conduz errante pelos caminhos, pisando a terra e olhando o céu 
Preso, eternamente preso pelos extremos intangíveis

MYRIAN PEREIRA
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