Soneto da certeza

Esquecer-me-ei de mim, e eternamente
Irei sorrir por minha fatal ausência.
Enquanto desafio a extinção da saudade,
Exalo o que deixou de existir e que passou a significar.

Lembrar-me-ei de mim sem esforços e sem desgosto.
Ao me olhar no espelho agora quero todas as imagens enxergar.
Apareço-me pálido e ao mesmo tempo saudoso com o que eu era:
Um homem erguido pela miragem em busca de um fim no horizonte.

Quando o sol amanhece os meus pensamentos,
Fico pensando em como me inundar em qualquer espaço,
Abraçando os extremos que sempre consegui alcançar.

Quando anoitece em cansaço pelas braçadas que dei – e acolhi,
Entregar-me-ei a mim e aos corais que no fundo estão…
Porque a minha memória não suporta, mas aprendi a lembrar.

Estocolmo, Suécia

Carl Dahre
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