Meu sofrê não tem ninho,
é passarinho que só voa.
Meu sofrê não pousa, nem ousa.
Vai com o vento, volta tormento.
Sem bando, nem canto,
nem foi ovo, nem será destino
e de novo vai com o vento,
volta lamento.
Pássaro que a duras penas,
plana sob nuvens de cinzas,
cinzas que não são de Fênix,
ave que não dorme,
não finda, nem principia,
vai com o dia, volta agonia.

CARLOS FREITAS DE SENA
© Todos os direitos reservados