De todos fui proscrito certa aurora,

esp`rança nesta vida já não tenho!

Caminho sem destino como agora

Oh! Nunca fui ditoso d`onde venho!

 

Sangrada me foi esta mocidade,

meu ninho de ventura - desvatado -

ferido, eu parti da tosca cidade

e voei eternamanete humilhado.

 

Qual pária que ninguém lhe tem carinho,

jamais serei bem visto nas calçadas,

porém... no bosque onde sou tão sozinho,

eu vivo a conversar com estas fadas!

 

A solidão dos campos me governa,

no céu azul me sinto flutuar...

Escuto de meu seio a voz interna,

cantando como a lua aos pés do mar.

 

Por todo extremo que ébrio me pressinto,

tento colher na treva alguma luz...

Meu mundo é um sinistro labirinto,

em meu olhar seu fim nunca tranluz.

 

Pelas sombras de meu bosque esquecido,

qual dolorosa alma me ponho errando,

longe das lutas onde fui vencido,

e, destes olhos onde sou nefando.

 

Meu coração tão prenhe d`amargura

no silêncio se afoga dos pesares,

já não posso em sonhar crer na ventura,

apreciar o afago que há nos lares.

 

Eu durmo sobre as folhas... eu balbucio

às flores que perfumam minha noite,

há quando, estremece-me em arrepio

o vento nas palmeiras como açoite!

 

Mas, levo nos meus passos temerários

 o afã de caçador com sua espada

em acossar o esgar dos solitários,

que amam sem medo recatar-se ao nada!

 

Não tenho quem ouvir eu possa um dia,

somente aquele anjo que me velava,

a qual eu votarei cada elegia

- a única... a divina que me amava.

 

Só p`ra esta que embalou-me no seu seio,

que aleitou-me qual chuva o acre sertão

terei saudades té que num enleio

findar-se minha acerba solidão!

 

 

ALEXANDRE CAMPANHOLA - 02/08/2006

 

Alexandre Campanhola
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