Purpura como o céu do anoitecer, eis minhas sensações.

Nostalgia de outras vidas quando observo o arrebol rubro.

Uma ânsia de infinito ao velejar o mar azul com o qual me cubro.

Perdição em uma floresta verdejante a labirintear corações.

 

Jornada eterna em dunas de ouro do deserto amarelo das emoções.

Turbilhão cinzento de dias chuvosos os quais o sentido não descubro.

Tristeza minguante das lembranças roxas de meu estéril Outubro.

Sorrisos aparentes cheios da hipocrisia marrom de silentes aniquilações.

 

Procuro a luz incolor, mas em minha visão deturpada é tão branca...!

Súbito, o punhal cor de prata, o coração de meu espírito arranca

E fico desmorto e paralisado no mundo e em sua miríade de cores...

 

Quando nasci e me libertei do ventre materno vi tanta cor pura!

Mas, ainda me lembro que antes do parto, a cor era tão escura...

E sei que depois da morte haverá mais negror, infinitos torpores...!