Esquinas da poesia

Quero viver para os meus poemas,

Como quem descobre

A forma mais utópica

E serena

De viver na inverdade.

Morder a carne dele

Para me alimentar

Do vazio espaço de liberdade

Entre uma letra e outra.

Quero a  praça do poema,

Onde se abraçam

O mendigo e o homem importante,

Para que lá eu possa dormir.

Assim, posto

Na natureza do poema

Quero desconstruí-lo

Como o homem desconstroi o mundo.

Quero poluí-lo

Com fumaça de carro ou spray.

Andando na contramão

De suas estradas.

Dobrar suas esquinas

E subir suas escadas.

Sou daqueles homens cheios

De pecados.

Quero entrar na igreja

Do poema

Para me abençoar.

 

Sidiney Breguêdo
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