Reminiscências

A mente sempre guarda coisas que marcam a vida, mesmo depois de muito tempo. Principalmente as que marcam a infância e a adolescência . Em alguns causam frustrações mentais.
Lembro-me de cada lugar, cada aventura, história que hoje relato rindo. Vou narra uma que vivi.

Para quem não conhece o sertão, e mora longe das dificuldades que o sertanejo vivi até hoje, não imagina o que é fome, sede, agonia, podridão no corpo, mundo vil e terra voraz, faminta por água e gente. Lugar assombroso, barro seco que esconde os cadáveres magros, cheios de rugas, de dor e doenças que aparecem espalhadas na pele e nos ossos do povo.

O meu nascimento foi igual à de qualquer ser que vem ao mundo, gerado por dois corpos que se encontravam no gozo, prazer e vontade de saciar a fome por sexo. Imaginem um homem e uma mulher alongando os seus olhos para cumprir suas vontades? Esquecendo que já são responsáveis por cinco vidas que dependem apenas deles, mesmo assim, permitiu mais um no mundo, dando vida a um projeto que só existi na natureza, liberando a fecundação do esperma.?

Não lembro de pedir para sair da cavidade escura, mas o órgão que me protegia, pouco a pouco me expulsou do lugar quente e aconchegante para me jogar num mundo estranho, apavorante e medonho. Mesmo rendido, e entregue ao que eu não conhecia, o meu primeiro contato com o mundo foi violento e ruidoso. A violência eu sentir nas minhas partes, o ruído era à voz do médico, sujeito que me bateu. Segundo ele, tudo era comum, bater, assim a minha mãe derreteria de amor por mim.

Os anos foram passando e eu fui conhecendo a cidade que me acolheu. Xiquexique. A cidade tinha um pouco mais de quarenta e cinco mil habitantes. Situada a margem do Rio São Francisco, que abriga um porto de grande importância para economia da região. O lugar é seco, com a temperatura acima dos quarenta graus. Ninguém se habilita sair ao meio dia e caminhar nas ruas, se tentasse, fritaria o cérebro.

Os primeiros pêlos no meu corpo e no meu saco me fizeram ver que era hora de mudar a forma de falar e começar a conhecer o mundo que era só dos adultos, foi ai que conheci Santinha, que na verdade, de santa ela não tinha nada.

Santinha morava no conjunto habitacional, o (BHN). As ruas do (BHN) eram lamacentas em dias de chuva, e um pó vermelho que vinha do barro seco nos dias longos, quando não caia uma gota de água do céu. Os moradores do bairro viviam com doenças de pulmão e falta de ar, e nas eleições seguintes acabavam votando no mesmo prefeito, vivendo da lama e do pó do (BHN).

A casa que Santinha morava tinha quatro cômodos. O primeiro era a sala, o segundo a cozinha e os outros dois os quartos. O banheiro ficava fora da casa, no quintal. Ao chegar a casa, Santinha me recebeu na porta e apresentou os seus pais e os seus cinco irmãos a mim.

A casa de Santinha era simples. Uma televisão de 14 polegadas,um sofá de três e dois lugares bem usados, uma mesa velha bem antiga, de madeira boa, na sala, alguns quadros na parede com algumas fotos. A primeira foto mostrava a imagem de Jesus segurando o coração sangrando e cravado de espinho, a outra foto era de Nossa Senhora Aparecida vestida no majestoso manto, e a de Iemanjá que saia do mar usando o seu longo vestido azul-claro.

Santinha tinha um ano a menos que eu, 16 e 15. Quando entrei na casa de Santinha, ela pegou a minha mão e nós fomos para o quintal. No quintal, embaixo do pé de manga tinha uma ponta de corda amarrada na rede de balanço e a outra no tronco da mangueira e no pé de caju. A rede de casal balançou o cajueiro quando Santinha deitou na rede e me chamou. Obedeci e fui me juntar a ela. Eu podia ver quem estava dentro da casa, mas a sombra da mangueira não permitia quem estava na casa ver o que fazíamos embaixo da árvore.

Com 15 anos de idade Santinha era o modelo de mulher de vinte. Os seus seios eram pequenos e redondos, enchendo a blusa de algodão, a cintura era fina e a barriga reta e lisa, as coxas torneadas e firmes mostravam a beleza da mulher brasileira. Os lábios de Santinha eram grossos e macios, os dentes brancos e corretos se perdiam no encanto dos seus olhos castanhos que brilhavam no escuro mostrando ser uma felina.

Deitei ao lado de Santinha e uma onda forte de prazer tomou o meu corpo, a pele macia e perfumada me levou a uma ereção. Falamos de coisas banais e de velhos hábitos que os velhos adquiriram com a velhice. Santinha ria de quase tudo. Com o vai e vem da rede os seios de Santinha espremiam o meu corpo. Dentro da minha calça jeans o meu membro doía tanto ao ponto explodir.

Santinha fechou os olhos e eu a contemplei, o rosto moreno, seu cabelo espalhado no pano da rede xadrezado. Ela esticou a mão e a colocou na minha nuca pedindo-me que a beijasse na boca. A voz de Santinha era quente e gostosa de ouvir. O meu primeiro beijo, obedecendo à regra de tudo, foi bom e ao mesmo tempo estranho. Sentir a língua de Santinha molhada, procurando a minha, invadindo cada canto da minha boca, e o meu cérebro conheceu o sabor do seu beijo.

Abracei Santinha e apertei o meu membro em suas coxas, a tensão forte explodiu o sêmen e espalhou no jeans. O pânico tomou conta do meu corpo. Percebendo a minha aflição, Santinha abriu o zíper da minha calça e pegou o meu membro pulsando, ignorando o que ele acabou de fazer.

Para mim era a primeira vez, mas para Santinha o conhecimento já havia chegado. Com habilidade, Santinha moveu levemente o meu membro para cima e para baixo com movimentos cada vez mais rápido e ele voltou a ficar faminto.

Num carinho e outro, mesmo com mão tremula, escorreguei pouco a pouco a mão entre as coxas de Santinha e encontrei o púbis e o monte de Venus. Com pequenos movimentos massageei a fenda e introduzindo o dedo na cavidade úmida. Santinha se contorceu. Vi que ela gostava. Fiz vários movimentos até sentir o orgasmo dela na minha mão. Com instinto selvagem de felina Santinha me puxou para cima de si e nós fizemos amor embaixo de um tapete de estrelas até as quatro horas da madrugada.



 
ERIC FALL

Eric Fall
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