Sombras da noite testemunham o desprezo
Inerte no tempo pelo vento que te faz ausente
Madrugada que chora, a espera do teu apreço
Falácia da vez, faces do terror, carente é a gente

Olhos infiéis, demagogias vivas, este é o preço
Lamúrias que libertam as lágrimas não aparente
Deste real abstrato, a mentira que eu não mereço
Inimigo da liberdade, ferrugens do meu ente

Efeito de tua obra, palidez de todas as cores
A flor que murcha dentro do seu próprio refrão
E pra não dizer que não falei das flores

Marchei à canção contra a fome e as dores
Dos dentes armados que construíram a prisão
Deste presente fétido quando respiro os teus podres

 

Murilo Celani Servo
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