Em teu escuro silêncio ,
Procuro atordoado o sentido de nós dois.

Desesperadamente tento descobrir o significado
De cada gesto, olhar, cada mínima alteração na tua mímica facial.
Disseco cada sorriso nervoso ,
As pausas silenciosas , o ir e vir do ar em tuas narinas.
Os mais tênues movimentos de cada músculo em tua face, Qual paciente anatomista em busca do conhecimento.

Como os antigos sacerdotes que se punham a decifrar oráculos ,
Te observo todo atencioso e sério como convém aos místicos. De nada adianta , a tua impenetrabilidade
Transforma em deserto todas as minhas perguntas.

Cansei de decifrar-te ,
Cansei de esfinges .
Já me devoraste há tanto e por tantas vezes
Que há muito não dependo mais de ti.
Tenho asas e não temo mais a tua ausência.

Não preciso de muito ,
Ao menos o lugar aonde existo ,
Aonde existimos em ti .
Preciso saber !

Se não cuidares de nós ,
E nos fizeres muito importantes, Voarei.