Por detrás dos teus olhos há
Uma nuvem que está demorando a passar
E nesta nuvem se sobressai  o sol
Que está brilhando em nossas direções
Ela encaminha-se para encobrir a lua
E tornar mais sombria a nossa noite.
E os meus olhos, ao piscarem
Destilam de si lágrimas como se fosse
Pingos de chuva que cai sobre a madrugada
Para molhar o seu corpo.
Não detrai,
Nem se dissipa
Mantêm-se impávida e protegida.
Orgulhosa ela cruza os céus
A procura de novas terras
De novos campos
Tudo para deixar o seu pingo de egoísmo cair.
Mantêm-se  silenciada
Nos momentos mais sublimes
Mantêm-se desenganada
Nos momentos mais firmes.
Corajosa ela faz planos de não voltar
E deixar a terra desprotegida
De tudo que nela há.
Enfraquece em tempos inesperados
Aos quais os meus sentimentos
Se tornam despedaçados.
Então se dissinuam
E tornam-se somente lembranças
De tudo o que houver esperanças.
Vir-te bailar com os deuses
Vir-te dançar com os anjos
Ouvir-te tocar arpejos
Ouvir-te cantarolando.
Em quanto a mim fiquei esperando
Cuidando do fogo
Que nos aguardava queimando.
Vivendo momentos vis
Não deixei passar em branco
Um pouco nublado, talvez
As lamúrias do teu encanto.
Persegui-te com uma forte luz
Que sorrateiramente furtava das estrelas
Deixando universo um pouco mais escuro
Para contrastar tua beleza.
Deitei-me em meu leito a noite
E crassamente me interroguei:
Porque me influencias tanto,
Se não és nem mesmo o astro rei?
Meditei neste pensar
Custei a descobrir
Que não seria possível
Permanecer ali.
Então resolvi tirar-te,
Massacrar-te,
Destruir-te,
Abandonar-te.
Ela foi embora,
Me alegrou,
Despertou o meu prazer,
Me desprezou.
Ao receber tal mensagem
Resolvi não respondê-la
Não lhe prestei homenagem
Resolvi não merecê-la.
Tornei-me incompatível
Amável, só a mim mesmo
Quebrei o inquebrantável
Amei-me, só a mim mesmo.
Cobri-me de sentimentos desprezíveis
Que me faziam pensar
Se algum dia poderia voltar a amar.
Pois, nada me faria mudar meu pensamento
Nem um pedido desesperado
Nem um pouco de tormento
Nem um ser iluminado
Nem uma folha perdida ao vento.

Fábio Avanzi
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