Vem mô,mozinho...

Vem mô,mozinho...

 
 
 
Vamos falar de amor,meu mozinho.
Vamos falar de coisa nenhuma?
Bagatelas nos deslumbram nessa hora...
Que tal, ficarmos assim, apenas de mãos
sobrepostas,
olhando a imensidão do verde?
Vem,mozinho,
Vamos tomar um sorvetinho de manga,
melado de chantilly.
Porque se manga há
então para nós, nada faltará.
Vem logo,mozinho,
Vamos correndo pelos verdes campos,
procurar um alaúde no galho da mangueira,
que toque nossa canção,
até que a lua chegue para nos namorar.
E depois,pediremos que toquem um xote
para bailarmos até o dia
amanhecer...
Vamos fazer parvoíces, mozinho?
Vamos, vamos, vamos...
Vamos transformar todas as linhas
do nosso rosto e corpo,
em linhas penduradas,
que nem folhetos literários,
cheias de estilo mavioso
e epigrafá-las n’alma.
Vamos falar de modo chistoso, mozinho,
enroscando as palavras na língua
e adoçando-a com nosso beijos
e risos.
E mais uma vez,nos entender
apenas com olhares,
porque o sigilo sempre é denunciado
quando nossa fala se embaralha...
Vamos brincar, vamos sonhar,
vamos fazer tudo que temos direito,mozinho.
Quero mesmo,é fazer de conta,
que a vida é já,
 que só temos o hoje,
e que o amanhã nem virá,
sequer vai existir...
Para quê esperar?
Vem, então, mozinho,
vamos fazer amor nessa madrugada
que daqui a pouco vai-se embora,
sem dó nem piedade.
Vamos nos despedir desse dia
quente,
que já é passado,
ululando,gemendo, até esfalfarmos...
Vamos, depois, cansados,
vasculhar o mundo ímprobo
e termos a certeza das certezas
que nele só há nós dois.
Vamos extenuar a vida,
 até a última gota,
segregar  as dores,
e esperarmos a morte, acasalados,
sem conjecturas,
levando apenas nosso presente,
e nossos sorrisos,
 para a eternidade...

 

eugênia morais
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