A cidade pela manhã,
nos primeiros raios de luz,
rompe a noite que se esvai lentamente...
 
Na cidade pela manhã
ainda antes
Da explosão de ruídos que toma conta a claridade
Rasga num só grito
O negro silencio e se dissipa...
 
A cidade pela manhã
vê o dia,
Algoz da noite,
Violentar as sombras deixadas
Pela escuridão diária.
 
Na cidade pela manhã
Ainda se pode ouvir o primeiro canto,
Ainda que, em muitas vezes, distante
Avisando aos incautos
De um novo dia
 
A cidade pela manhã
acorda em sua lucidez e
Assiste o último insólito
Ato da madrugada
 
Na cidade pela manhã
já pode-se ouvir
Vozes murmurantes e perplexas
A expressarem indignes observações morais,
Mesmo que hipócritas da
necrófila liberdade noturna.
 
 

sergio de macedo saldanha
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