A  ilha é longe,  no  meio  do  nada, entre marés

Próxima  de  lugar  distante,  léguas  além   mar

Ela é bela ou  feia,  até  mesmo  as  duas  coisas

Dependendo  especialmente  dela,  não  de  nós

A  ilha  as  vezes some, outras reaparece por aí;

maior  ou   menor,  mas  gosta  de  se  esconder

A  ilha  não  morre,  pode   até  morrer   um   dia

Se finge  de morta e grita louca,  quero  misaaa!

A  ilha é trincheira,  é boa.  Também  é   parede

de  prisão,  é  má.  A  ilha é doida, caduca, senil.

Entretanto,  engana  e  faz   pressupor   que  é

gente  educada, fina, culta  e  até   nobre  . . .

A  ilha  é um  grande  engodo  a  vociferar  com

desdém "eu  te amo". Finge ser santa,   mas  é 

falsa.  Açoitada  pelos   vendavais,  sofre  como 

castigo dos males que sabendo, causa a outros 

A  ilha  diz  que não! Não  se dá conta que é ilha

Pensa que é  continente  ou talvez promontório

Não  aceita  nem  ser  um  grande   arquipélago

Fruto  de  mimos,  criação e  educação  carente

Mesmo   assim  a   ilha  fará   falta   quando   um

um belo dia sucumbir. Ao se tentar olhar pra ela,

ver-se-á  apenas   águas  turvas  e  frias.  Onde

coqueiros  dançavam ao vento  alegres; restará

apenas   profundos   vazios,    que      provocará

lamentos, anseios e desejos de procurar. . .ilhas  

    

versejando ( ao estilo de Pessoa )
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