Pernas... Para que te quero?
se o pouco, desse muito, que revelo
te esconde entre letras?
Tenho na língua
o gosto de tua boceta,
na pele as marcas de tuas unhas,
e na alma, a forja -ainda quente-
das medalhas que cunhas.
Tenho, em resumo, todos os sentidos apurados.
Como fingir que, bem ao lado, há um ponto final?
Como encarar o próximo carnaval
sem a expectativa de um papel amassado
repleto de palavras imaginárias?
Como entender o que aconteceu?
Teu namorado, por acaso, ontem te comeu?
Te penetrou as carnes?
Não...?
Pois saiba:
Ontem te possuí em sonhos ordinários.
Momentos vários, onde foste a puta que nunca devorei.
Senti o frio do teu toque,
teu cabelo preso em coque,
e o peso de estar – apenas- sonhando.
( tudo parecia tão real)
Parte de mim, que morre, continua essa busca.
Continua olhando as gentes dessas cidades cinzas,
procurando, quiçá, outras mulheres lindas
que , vestidas, façam com que o vento
mude de direção.
Eu sei...foi só um sonho.
Pagão.
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