DILEMA DE UM SERTANEJO

 
 
 
DILEMA DE UM SERTANEJO
 
Quando deixei meu sertão
Ainda menor de idade
Troquei toda beleza
A paz e a tranqüilidade
Uma casinha de barro
Com muita felicidade
Troquei tudo simplesmente
Por uma casa na cidade
 
Aqui tudo é diferente
Não é como eu pensei
Há anos estou aqui
E ainda não me acostumei
Às vezes fico pensando
Naquilo que pratiquei
Deixar toda a riqueza
Do lugar que me criei
Pra morar neste lugar
OH! Meu Deus, o que farei?
 
Hoje ainda me recordo
Com profunda alegria
Meus pais iam para a roça
Ganhar o pão de cada dia
Às vezes pra disfarçar
Eu ia pra pescaria
E para não ir sozinho
Ia um mano em companhia
 
Naquele lindo sertão
Não nos faltava dinheiro
Pois, tínhamos a nossa roça
Muitos porcos no chiqueiro
Tínhamos cereais na tulha
E galinhas no terreiro
 
Confesso muito orgulhoso
Melhor que o meu sertão
Não existe outro lugar
Nesta tão grande nação
Lá não existem crimes
Trombadinha e nem ladrão
Não tem estelionatário
Seqüestros, poluição
É mesmo um paraíso
Se fizer comparação
 
Hoje saio na cidade
 Dá-me vontade de chorar
Contemplo os olhares tristes
Do povo a caminhar
Com o medo estampado
Em cada rosto, em cada olhar
Pois a violência impune
Faz o povo vegetar
 
Volto para a casa tristonho
Cabisbaixo e abatido
Debruço-me na janela
Com o coração ferido
Só o meu Deus é quem sabe
O quanto tenho sofrido
Quando um dia, inocente
Deixei meu sertão querido
Tentando progredir mais
 mas só tenho regredido
 
Vou ficando por aqui
Com o coração sangrando
Pois toda a minha vontade
Não é estar aqui chorando
Vou partir pra lá sorrindo
Pois ele está me esperando
A saudade que eu sinto
Vai acabar me matando
Sei que alcançarei vitória
Como o jovem da história
 ‘’O filho pródigo’’ voltando.
 
 
 

Jocafi2002
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