Eu sou menino de rua
E, apesar de ser menino,
Ninguém me interpela, não.
Ando à solta sob a lua,
Perambulo sem destino:
Sem vergonha, sem razão...
Sou menino da noite
E às vezes também do dia.
Ninguém me interpela, não!
A fome se faz de açoite,
Eu choro de covardia:
Sem vergonha, sem razão...
Sob as luzes da avenida
Por onde pernoito só,
Ninguém me interpela, não.
Sou menino, mas a vida
Deu-me apenas este pó
Vergonhoso... (com razão?)
Luiz Carlos
© Todos os direitos reservados
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