Êsse tar de amor.

 
Esse tar de amor.
 
Ah! Esse tar de amor,
Que sem anuciá chegou,
E sem convite entrou,
Fez rancho no meu morar.
 
Se agasaiou no meu peito,
Me machucou de um jeito,
Também fartou cum respeito,
E tanto me fez chorá.
 
Me fez viver u´a paixão,
Ocupando meu coração
com a dô da disilusão,
E na minha vida deu nó.
 
Sufri qui nem um danado,
E mi sinti condenado,
Sem nunca ter sido errado,
Penei di inté fazê dó.
 
Oia seu moço é duido,
Um cabra qui nem eu, vivido,
Qui achava ser risurvido,
Ficar cuma eu fiquei.
 
Pois é meu amigo, é duro,
Mi sinti lixo, um munturo,
Pur isso mesmo, lhe juro,
Qui num quiria chorá, mas chorei.
 
Sintia minha arma morta,
Quondo uvi gritá la na porta,
Era ela qui tava de vorta,
vêi invitá o meu fim.
 
Eu já num vi foi mais nada,
Fui abraçar minha amada,
Qui pôs os pé nas istrada,
E vortô de novo pra mim.

Aos tropeiros da Fazenda Guanabara onde nasci, que versejavam na
simplicidade do que aprenderam com a rudeza da vida. Todos foram especiais e me ensinaram muito.

Santa Cruz Cabrália, 22/12/2008.

Lannes Alves de Almeida
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