Meu bom deus surdo
Como podes ouvir meu discurso banhado em sinceridade
Ao passo que tomas o mesmo drinque
Que, no decorrer de minha idade, condenava,
Que outrora era absurdo?

Meu bom deus cego
Como podes ver a pureza interior
E separar o joio que não enxergas no trigo
Quando expias por julgamentos de terror
Colidindo com meu fracassado ego?

Meu bom deus mudo
Como podes falar do teu amor
À medida que cresce a inquietude concreta das coisas não certas
Se continuas apático, parado, desnudo
Tal como o mundo?

Mas por estas sórdidas vias da Tradição
Continuo eu a te clamar, meu bom deus de amor.

deus, sentidos, ausência, inquietude, inconformismo.
markquerido
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