A GLÓRIA INVISÍVEL
A GLÓRIA INVISÍVEL
(Progaires Martins)
Aos poucos, vai nascendo o sol,
Salto do colchão de palha,
Procuro algo para comer
Mas as latas estão vazias.
Meu filho logo vai acordar,
Não há leite nem farinha,
Preciso descer a favela.
A vizinha vai cuidar do meu guri,
É preciso descer a favela
Para alimentar o meu guri.
Já na cidade, ando muito,
Quero e preciso trabalhar,
Ter salário para o pão,
Leite, café, biscoito, arroz,
Carne, frango, peixe e feijão.
Hoje é mais um dia de luta,
Sou Glória, preciso trabalhar,
Será mesmo que ninguém me ver?
Parece que sou alguém invisível
Como milhões de pobres no mundo.
Este penar é revoltante
Até porque sei ler e escrever
E ainda assim ninguém me ver.
Por que há tanto preconceito?
Por que há tanta desigualdade?
Por que será que sou tão pobre?
Olha, eu sou Glória e existo,
A minha raça é humana,
Sou mulher e tenho um filho,
Por ele e por mim irei a luta,
Um dia o meu guri será doutor,
E essa dor social vai acabar.
Sou Glória, uma mulher forte,
Meu filho José e eu venceremos
E teremos a glória de viver,
Sim, a glória de sermos felizes
E seremos a família de Glória!
Autor: Paulo Rogério Aires Martins
Mossoró-RN, 28/08/2023
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