Poema do conselho que não se segue.

De vez em quando a gente olha pro lado
E enxerga coisa nova... um vazio sem sentido.
É como se tudo fosse um rabisco, um esconderijo...
É como se a gente acreditasse naquele sábio ditado,
Que a avozinha, deitada na rede, fala
E retruca dizendo: "Me escuta e te cala!"

Quem me dera ouvir tudo o que ela já me disse.
É, eu até que escutei tudo, mas lembrar que é bom... nada.
E a velhinha já anda tão cansada
Que até me envergonho de pedir conselhos, ainda que eu precise.
E aqui... bem do meu lado, ainda está vazio.
Ainda que a mente esteja cheia, o coração já não sente o que sentiu.

E a vovozinha me vem à cabeça dizendo:
"Cuidado, menino! Pra cair só é preciso estar de pé".
Sim, vovó! Eu já caí, vivi, sofri, mas a gente levanta quando quer
E ainda que eu sofra mais um pouquinho, tudo é mudado a todo momento.
Aí quando eu acordo e olho pro lado... nem sinto tanto.
Ainda que eu sempre feche os olhos e sempre torça pra que volte todo o encanto.

E vovó segue a me dar conselhos... uns sim, outros não.
Vou seguindo conforme a melodia,
Mas vovó acompanha a sinfonia.
Até um dia eu olhar pro lado e não enxergar tanta solidão.